Japão começa a liberar águas residuais de Fukushima no oceano em meio a protestos
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Japão começa a liberar águas residuais de Fukushima no oceano em meio a protestos

Jun 19, 2023

Tóquio, 24 de agosto (EFE).- O Japão começou quinta-feira a lançar águas residuais tratadas da central nuclear de Fukushima no Oceano Pacífico, em meio a protestos dentro e fora do país.

A descarga da água começou por volta das 13h, após verificações de última hora nas bombas d'água e a abertura manual de algumas válvulas, disse a operadora da usina, Tokyo Electric Power (TEPCO).

Junichi Matsumoto, executivo da TEPCO responsável pela descarga, disse em conferência de imprensa que o processo seria interrompido caso fosse detectado qualquer tipo de anomalia.

A TEPCO disse que procedeu à descarga depois de garantir que a concentração de resíduos radioactivos na água estava dentro dos níveis estipulados e que não existiam irregularidades nos seus sistemas.

A descarga de água começou mais de 12 anos depois que um terremoto e um tsunami causaram uma crise na usina de Fukushima em março de 2011.

A água descartada é tratada por um sistema de bombeamento e filtração conhecido como ALPS (Advanced Liquid Processing System).

Este sistema é capaz de remover completamente 62 tipos de materiais radioativos, com exceção do trítio e do carbono-14.

A descarga de água de Fukushima será monitorada pelas autoridades japonesas e pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para garantir que esteja em conformidade com os padrões de segurança.

O governo japonês e a TEPCO idealizaram esse método de escoamento por falta de espaço para continuar armazenando água nos tanques instalados no complexo da usina.

Na conferência de imprensa de quinta-feira, funcionários da TEPCO disseram que uma análise da concentração de trítio encontrou níveis entre 43 e 63 becquerels por litro, que estão muito abaixo do padrão governamental de 60.000 becquerels e do limite da própria TEPCO de 1.500 becquerels, informou a emissora pública NHK. .

A empresa disse que após a liberação da água enviará um barco para monitorar a área e as condições da água – não especificou em que horário – e os dados serão divulgados em seu site em tempo real para garantir a transparência.

A primeira descarga de cerca de 7.800 toneladas de águas residuais ocorrerá ao longo de 17 dias.

Contudo, como a geração de água contaminada não pode ser completamente interrompida durante o descomissionamento da usina, espera-se que o processo dure cerca de 30 anos.

A Federação Nacional das Associações de Cooperativas de Pesca opôs-se fortemente ao plano, argumentando que a medida impedirá os pescadores de Fukushima de se livrarem do estigma que assola as suas capturas há anos devido ao receio da radiação desde 2011.

Alguns setores da sociedade japonesa, vozes da comunidade científica internacional e de organizações ambientais como o Greenpeace, também se opuseram à libertação da água, além de países vizinhos, especialmente a China.

Na quinta-feira, vários grupos de cidadãos ambientalistas e antinucleares convocaram novas manifestações em diferentes partes do Japão para protestar contra a medida.

Protestos semelhantes também foram organizados em Seul, como nos dias anteriores. EFE

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